quinta-feira, 21 de junho de 2007

Ele era o MÁXIMO

Perdi um amigo hoje. Oitenta e oito anos muito bem vividos, primeiro-tenente da FAB, ex-combatente da Segunda Grande Guerra, sócio ministerial, SERVO do Senhor. Quem conheceu LUCAS JOSÉ MÁXIMO, sabe que ele realmente era um dos “fiéis que há na terra, um dos notáveis em quem está todo o meu prazer” (Sl 16.3). Eu poderia falar um monte sobre alguém que fazia jus a afirmação de Paulo, “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4.7), mas vou contar apenas duas histórias.

Em 2001 eu bati com um Escort que tinha na época. O carro ficou acabado, ainda hoje quando vejo as fotos fico pensando em como saí sozinha e ilesa de dentro dele. Passaram-se alguns meses e o carrinho ainda estava todo desmontado numa oficina. Foi quando encontrei com o irmão Lucas no estacionamento da igreja e ele me perguntou:

- Onde está seu carro?
- Ainda está na oficina consertando.
- Mas depois de tanto tempo!
- É que tenho que consertar aos poucos, estou procurando peças no ferro-velho, e também tenho que fazer no ritmo que meu salário permite.
- E a oficina é em Campo Grande mesmo?
- É ali na rua Mora - repondi displicentemente.

Dois dias depois o lanterneiro me liga.

- D. Liege veio um senhor aqui hoje e disse que é pra eu terminar o seu carro em duas semanas Ele disse que você não pode continuar sem o carro, e que é pra eu mandar a conta toda pra ele pagar.
- Como? Espera que estou indo aí pra você me explicar isso direito.

Quando cheguei na oficina o lanterneiro me deu o cartão do irmão Lucas e disse que ele havia estado lá e que tinha mandado ele dar prioridade total pro meu carro. Eu estava totalmente confusa e liguei do meu celular pro irmão Lucas:

- Irmão Lucas, eu estou aqui na oficina e o mecânico me disse que o irmão esteve aqui e disse que vai pagar o conserto do carro. O irmão tem certeza disso? Falta muita coisa ainda pra fazer, vai sair muito caro, muito mesmo.
- Esse soldado insubordinado! Eu disse a ele pra não falar nada contigo, pra simplesmente obedecer as minhas ordens. Mas é isso mesmo, eu vou pagar todo o conserto.
- Mas irmão... é muito dinheiro...
- Missionária, vá para o “front” e deixe os “suprimentos” por minha conta. Você está lá na frente, na linha de frente da batalha, mas pode deixar que eu cuido da retaguarda.

Nunca tornei público este episódio porque certamente ele não aprovaria, não buscava glórias para si mesmo. Era um bom soldado de Cristo, tinha noções de hierarquia, era completamente submisso ao seu General. Ao longo da minha batalha no ministério sempre foi uma tranqüilidade saber que eu tinha uma retaguarda tão bem guardada.

Mais uma história. Era semana da pátria, domingo de culto cívico na igreja e o irmão Lucas estava todo paramentado para a ocasião com sua farda e medalhas no peito. Um garotinho o vê no corredor e pergunta:

- Onde o senhor conseguiu estas medalhas?
- Esta foi na Itália, esta foi... – e começou a dizer onde havia conquistado cada uma das medalhas. Ao que o garotinho ponderou:
- Mas por que o Senhor foi tão longe pra comprar? Na Silbene (uma papelaria em Campo Grande) tem um monte dessas...

O irmão Lucas sorriu gentilmente para o menino e humilde deixou pra lá. Por essas e por muitas outras é que eu reintero o título deste post. Lucas José era mesmo o MÁXIMO!

3 comentários:

Liege, que exemplo lindo de vida!!
Fico feliz por vc tê-lo conhecido!! Deve ter sido mt bom!
Um dia vc o reencontrará e quem sabe pode me apresenr]ter ele né?! rsrsrs
bjus

como é bom saber que existem pessoas assim ...

Tio Lucas foi um exemplo de vida para todos que o conheceram

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